terça-feira, 2 de julho de 2013

Renato: sirvam façanhas do passado ao futuro

 Por: Cristofer de Mattos


Com a chegada de Renato, o Grêmio busca uma sinergia com a arquibancada. 

Num movimento semelhante ao que aconteceu com a seleção brasileira na Copa das Confederações. 
Numa relação íntima, capaz de mobilizar, estimular e inflamar o time em campo, não há outro nome capaz de fazer isso, nesse momento, senão o “homem gol”, como canta a Geral.
Bem mais do que um técnico, o Grêmio buscava um motivador. 
Alguém que consiga devolver o sangue às veias de um grupo de jogadores inerte diante dos fracassos, balizados pelo ex-treinador que sempre afirmou que o “projeto” estava no caminho certo e que o clube ganharia algo em um futuro breve – que, na verdade, não dava nenhum indício de que isso seria possível.
O Grêmio precisava de um fato novo. 
Algo que mudasse a acomodação constrangedora do clube diante dos recentes fracassos no Gauchão e na Libertadores. 
Com o respaldo e a proteção, mas também com a cobrança de perto, Renato pode realizar um bom trabalho sob a tutela de Fábio Koff. 
A relação quase paternal entre eles pode ser a adrenalina que falta para o time sair do lugar. 
E, convenhamos, é muito legal ver os ídolos de suas torcidas próximos a elas.

Gestão do grupo

No futebol atual, a figura do treinador vai muito além do campo. 
É dentro do vestiário, nas concentrações, no dia a dia, que os vitoriosos se destacam. 
Ter a gestão de pessoas, saber se relacionar com os boleiros, administrar crises de vaidade e cobrar internamente quando necessário, são tão importantes quanto mudar o esquema de jogo.
Em sua passagem anterior, Renato deu mostras de ser capaz de fazer isso. 
Ele não é tão somente um ex-boleiro. 
Não tem aquele perfil acadêmico que Vanderlei Luxemburgo busca ter, mas sabe, sim, resolver as intempéries diárias no silêncio das quatro paredes – e não nos microfones.
Mas não se engane: Renato Portaluppi está longe de ser um zero à esquerda em concepções táticas. 
O seu meio-campo em losango armado em 2010, que tirou o time da zona de rebaixamento e terminou na Libertadores, era muito eficiente. 
Ele conseguiu com parcos recursos montar uma equipe competitiva. 
Na base da motivação, sim, mas também com algumas boas ideias de movimentação.
Renato recuperou naquele time Douglas, Jonas e Gabriel e fez jogar outros como Diego Clementino. 
O atual grupo é muito superior àquele. 
Terá a missão de conseguir convencer um plantel montado por Luxemburgo, o que sempre é complicado, pela lealdade que existe entre os profissionais. 
Embora isso pareça não acontecer no Grêmio, devido ao desgaste público de jogadores como Barcos, Zé Roberto e Elano, que criticaram a postura do time em campo. 
Boleiro é esperto: quando perde a confiança no que vem do banco, larga.
Há muito trabalho por fazer – o Grêmio tem apenas um rascunho de time. 
Também muita expectativa gerada. 
Além de muita história em jogo. 
Mas o futebol é assim. 
E algumas relações não acabam jamais. 
Elas estão ligadas umbilicalmente. 
É assim que Grêmio e Renato Portaluppi se reencontram neste 2 de julho. 
Tudo que os gremistas desejam agora é que as façanhas do passado sirvam de modelo ao futuro.

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