segunda-feira, 29 de julho de 2013

"Me pegaram para Cristo", declara Gaúcho da Geral após incidente na Arena

 
Após os incidentes do domingo, o hamburguense Juliano Franczak, o Gaúcho da Geral, passou a tarde em um sítio em Lomba Grande – onde costuma cultivar os hábitos da tradição gauchesca – para atender as dezenas de veículos de imprensa. Por opção, ele ainda não havia assistido o vídeo em que aparece sendo agredido por policiais militares. Ainda assustado com a agressão e bastante magoado, ele cogita atender o conselho de sua mãe: "Estou pensando em não ir a mais a jogos do Grêmio na Arena. Minha mãe pediu para não ir mais, dar um tempo. Acho que vou seguir o conselho dela."
Ele reafirma que não resistiu ao pedido da Brigada Militar para deixar o estádio. Segundo ele, as únicas palavras ouvidas pelos soldados do Batalhão de Operações Especiais (BOE) foram: "Desce, tu tá fora." Ele argumentou e perguntou o motivo, mas recebeu um novo comando para deixar a mureta em que estava. "Eu saí. Estava deixando na boa, aí tomei um tapa e fui arrastado." Ele foi levado para uma sala da Brigada Militar na Arena. E ouviu dos brigadianos: "Viu o que tu fez?". "Não fiz nada", ele respondeu. Foi nesse momento que iniciou a briga dos demais torcedores com outros integrantes da Brigada.
Na sala da Brigada, em um canto, viu os policiais discutirem em que o enquadrariam. Foi por conduta inconveniente. Posteriormente, realizou exame médico e foi levado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) e assinou um termo circunstanciado no qual se coloca à disposição para quando for chamado a prestar novos esclarecimentos. Franczak não aceitou a proposta de transação penal (proibição de ir a jogos neste ano e pagar multa de R$ 300) e responderá processo junto ao Foro Regional do 4.º Distrito.
Franczak já havia ido a outros jogos com a muleta, que utilizou como suporte para bandeiras – inclusive na própria Arena. Ele argumenta que em nenhum momento recebeu orientação tanto na entrada, durante a revista da Brigada, ou dentro do estádio, de que não deveria portá-la. A proibição ele sabe que existe para bandeiras. "Estou muito visado. Me pegaram para Cristo. A Brigada, e não sei se também o Grêmio, querem acabar com a Geral. Aí sou o mais visado, porque sempre saio na boa e não reajo", afirmou.
O Comando da Brigada Militar passou a tarde desta segunda-feira reunido e ouvindo depoimentos no inquérito instaurado para analisar se houve excessos por parte dos integrantes do BOE. A reportagem segue aguardando o retorno das solicitações de entrevista desde o início da tarde.

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