Após os incidentes do domingo, o hamburguense Juliano Franczak, o
Gaúcho da Geral, passou a tarde em um sítio em Lomba Grande – onde
costuma cultivar os hábitos da tradição gauchesca – para atender as
dezenas de veículos de imprensa. Por opção, ele ainda não havia
assistido o vídeo em que aparece sendo agredido por policiais militares.
Ainda assustado com a agressão e bastante magoado, ele cogita atender o
conselho de sua mãe: "Estou pensando em não ir a mais a jogos do Grêmio
na Arena. Minha mãe pediu para não ir mais, dar um tempo. Acho que vou
seguir o conselho dela."
Ele reafirma que não resistiu ao pedido
da Brigada Militar para deixar o estádio. Segundo ele, as únicas
palavras ouvidas pelos soldados do Batalhão de Operações Especiais (BOE)
foram: "Desce, tu tá fora." Ele argumentou e perguntou o motivo, mas
recebeu um novo comando para deixar a mureta em que estava. "Eu saí.
Estava deixando na boa, aí tomei um tapa e fui arrastado." Ele foi
levado para uma sala da Brigada Militar na Arena. E ouviu dos
brigadianos: "Viu o que tu fez?". "Não fiz nada", ele respondeu. Foi
nesse momento que iniciou a briga dos demais torcedores com outros
integrantes da Brigada.
Na sala da Brigada, em um canto, viu os
policiais discutirem em que o enquadrariam. Foi por conduta
inconveniente. Posteriormente, realizou exame médico e foi levado ao
Juizado Especial Criminal (Jecrim) e assinou um termo circunstanciado no
qual se coloca à disposição para quando for chamado a prestar novos
esclarecimentos. Franczak não aceitou a proposta de transação penal
(proibição de ir a jogos neste ano e pagar multa de R$ 300) e responderá
processo junto ao Foro Regional do 4.º Distrito.
Franczak já
havia ido a outros jogos com a muleta, que utilizou como suporte para
bandeiras – inclusive na própria Arena. Ele argumenta que em nenhum
momento recebeu orientação tanto na entrada, durante a revista da
Brigada, ou dentro do estádio, de que não deveria portá-la. A proibição
ele sabe que existe para bandeiras. "Estou muito visado. Me pegaram para
Cristo. A Brigada, e não sei se também o Grêmio, querem acabar com a
Geral. Aí sou o mais visado, porque sempre saio na boa e não reajo",
afirmou.
O Comando da Brigada Militar passou a tarde desta
segunda-feira reunido e ouvindo depoimentos no inquérito instaurado para
analisar se houve excessos por parte dos integrantes do BOE. A
reportagem segue aguardando o retorno das solicitações de entrevista
desde o início da tarde.
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