O Comitê de Ética da Fifa divulgou hoje o relatório final do caso ISL apontando que os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange e o paraguaio Nicolás Leoz receberam propinas.
O relatório, assinado pelo alemão Hans-Joachim Eckert, uma espécie de juiz do comitê, revela ainda que Havelange renunciou no dia 18 de abril ao cargo de presidente de honra da Fifa. Ou seja, 12 dias antes da divulgação do resultado final da investigação interna.
O documento isenta o atual presidente da entidade, Joseph Blatter, de responsabilidade no caso.
Na sua conclusão, divulgada no site da Fifa, Eckert mantém a informação de que os cartolas receberam subornos da empresa de marketing ISL, entre 1992 e 2000, mas argumenta que, na época do episódio, não havia código de conduta dentro da Fifa. O primeiro código, explica, é de 2004, depois do escândalo. Por isso, ele diz que qualquer outra recomendação não teria efeito neste momento.
Além disso, o juiz do comitê de ética alega que os três envolvidos, Teixeira, Havelange e Leoz, deixaram seus cargos na entidade. "O caso ISL está concluído pelo comitê de ética", informa.
Conforme a Folha de S.Paulo informou no dia 24, Nicolás Leoz sabia que seria citado neste documento, o que o levou a anunciar na terça-feira passada a renúncia aos cargos de presidente da Conmebol e de membro do comitê executivo da Fifa. A renúncia de Havelange só foi revelada no documento divulgado hoje pela entidade que comanda o futebol no mundo.
A falida ISL, empresa de marketing esportivo parceira da Fifa nos anos 90, foi investigada pela Justiça suíça por ter pago propina a dirigentes em troca de facilidades na obtenção de contratos. Em julho do ano passado, foi divulgado que os brasileiros João Havelange, então presidente honorário da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-mandatário da CBF, receberam R$ 45 milhões em subornos. Eles nunca comentaram o caso. Teixeira havia renunciado a seus cargos na CBF e na Fifa quatro meses antes.
A Fifa criou em 2012 um comitê de ética e anunciou a abertura de uma investigação interna sobre o caso. Nomeou o americano Michael J. Garcia como chefe da apuração. Ele entrou seu relatório final ao juiz Hans-Joachim Eckert no dia 18 de março. Ao livrar Blatter, o juiz argumenta que não há elementos mostrando que o atual presidente da Fifa foi responsável ou esteve ligado aos pagamentos feitos aos três outros envolvidos -Teixeira, Havelange e Leoz.
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