Por: Cristofer de Mattos
As três vitórias recentes e consecutivas do Grêmio com Renato
Portaluppi desafiam a compreensão lógica. O esquema posto em campo tinha
tudo para dar errado. Três zagueiros e três volantes deveriam tornar o
time engessado, excessivamente defensivo e sem capacidade ofensiva. Mas a
equipe marcou três gols por
partida. Um pouco de sorte? Sim. Fruto do acaso? Nem tanto. O Grêmio
atual é uma prova da mudança tática do futebol contemporâneo.
Nem
todo torcedor gosta de discussões sobre esquemas táticos, sobre funções
estratégicas, posicionamento, etc. Preferem a velha lógica de quem ganha
é o time que tem a melhor matéria-prima
à disposição (isso se o juiz não "roubar"). É claro que não é bem
assim. Mas é claro que também é um pouco assim. Entretanto, mais
importante hoje do que 3-5-2, 4-4-2 ou 4-5-1 é a movimentação dos
jogadores em campo.
Todo o esquema é possível de dar certo.
Depende claramente das características dos jogadores à disposição. Mais
importante do que o ponto de partida é o de chegada. Se você tiver um
volante que saiba marcar e preencher espaço sem a bola e com ela saiba
armar e finalizar, você pode ter dois, três, quatro, cinco volantes...
Riveros e Ramiro têm sido esses homens. No papel, o Grêmio contra
o Vasco não teve nenhum meia, mas, na prática, teve dois de boa
qualidade. Ambos cumprem as funções defensivas e contribuem com as
questões ofensivas.
O Grêmio de Renato está muito, muito distante dos dois exemplos europeus. Na verdade, não tem praticamente nada de semelhante (a não ser que joga com onze homens). Tem em comum, sim, uma solidariedade em campo que não tinha, por exemplo, com Vanderlei Luxemburgo.
De qualquer modo, não há garantia de que o Grêmio consiga seguir desafiando a lógica com um esquema teoricamente defensivo, que na prática é ofensivo. Mas não dá para contrariar os fatos – contra eles não há argumento. Por enquanto está funcionando. Logo ali na frente é bem provável que Renato tenha que mudar. Com o retorno de Zé Roberto, por exemplo, o time deverá ser mais equilibrado. O atual é um esquema emergencial, que tem dado muito certo, mas deve ter os dias contados. Entretanto, por ora, em time que está ganhando não se mexe.
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