sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A herança negativa que Luxemburgo deixou


Por: Cristofer Mattos

Foi pornográfico, horroroso.
O Grêmio precisa encontrar forma de acelerar a recuperação da herança deixada por Vanderlei Luxemburgo, que é péssima. 
Sobre três aspectos: tática, técnica e física. 
São doenças graves para as quais Renato Portaluppi não tem encontrado os remédios. 
O trabalho do ex-preparador Antonio Mello foi bastante precário. 
É verdade que a pré-temporada curta em função da pré-Libertadores contribuiu para que os atletas não tenham tido o tempo necessário para se preparem adequadamente para toda a temporada. 
Para evitar o vexame, o Grêmio fez uma preparação para um jogo na altitude em janeiro. 
O trabalho para este jogo é diferente do restante da temporada. 
Sobrou para aquela partida, faltou para o resto do ano. 
É a velha lógica do cobertor curto. 
Com a troca de comissão técnica, houve uma intensificação na preparação física, carregada na força. Resultado: Zé Roberto estourou. 
O grupo gremista está com as pernas pesadas. 
É como se estivesse em início de temporada, mas atuando contra adversários que estão voando fisicamente – do mesmo modo que no início do Gauchão as equipes do interior igualam as forças com a dupla Gre-Nal pelo melhor estágio físico. 
Perna pesada é sinônimo de erros de passes, que geram falta de confiança, que se tornam em instabilidade, que resultam em partidas como as de ontem contra o Coritiba. 
O Grêmio perdeu quase todas as divididas e rebotes para os atletas do Coxa. 
Isso não é por acaso: falta explosão física ao grupo. 
É preciso muito cuidado nesse momento para evitar o “ninguém serve” e o “tudo está errado”. 
O problema não é tão simplesmente técnico.  
Tire Pará e Adriano, que de fato estão muito abaixo tecnicamente, e se escale outros em seus lugares e os resultados não serão satisfatórios. 
O que menos o Grêmio precisa nesse momento é de um pensamento mágico. 
É essa concepção que sobrecarrega garotos como Maxi Rodríguez que entra no segundo tempo com a missão de salvar a pátria. 
Não irá. 

Indefinição Tática

O principal é uma questão de definições de time e modelo de jogo por Renato. 
O grupo não dispõe de jogadores com características para jogar fechado e explorar a velocidade em contra-ataques, como tentou o treinador. 
Os jogadores são lentos. 
Como não haverá modificações no elenco, Renato precisa encontrar uma forma de adiantar em campo o time que dispõe. 
Marcar mais à frente, para encurtar o espaço a ser percorrido por volantes e laterais, é uma alternativa. 
Só que para isso precisa ter explosão física, o que ainda não há. 
É uma situação delicada. 
De qualquer modo, é preciso treinar um esquema e repeti-lo. 
Não pode Renato em sete jogos adotar quatro formações distintas. 
Futebol é repetição, sequência. 
Aos poucos, os atletas vão percebendo a falta de convicção tática do treinador e ele pode perder o controle do grupo, o que conquistou a duras penas após a herança negativa que recebeu de Luxemburgo. 
É possível que o ano esteja perdido em termos de título. 
Mas sempre há como rever ideias, impô-las e fortalecer o time. 
Renato está fazendo os testes e vai encontrar o time e a escalação. 
Mas mudar toda hora não é a melhor escolha. 
Só que o tempo e a tabela são seus principais adversários.

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